sexta-feira, 15 de junho de 2007

De repente...

De repente, eu estava em um encontro sem compromisso de uma amizade com benefícios... Sem a proteção das vestes, com a proteção dos pensamentos, até então, não revelados.
De repente, eu estava no aconchego dos seus braços... Sentindo-me permitida a dizer e a fazer o que e como me desse vontade.
De repente, eu estava deitada ali... Sentindo-me livre o suficiente para me desvencilhar da personagem e embarcar em uma nova aventura auto-exploratória.
De repente, eu estava me redescobrindo...
De repente, você.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Desnudamento

Me lance "aquele" olhar. Me deixe nua.Resgatada da gravitação na galáxia de ideais inalcançáveis, do salto alto...Liberta das garras "da moral e dos bons costumes", da blusa agarrada...Solta do aperto de convenções de comportamento feminino, do jeans apertado...Livre da ilusão aprisionadora de sempre subir, do sutiã "super-up"...Despida da angústia de esconder íntimos desejos, da calcinha sensual...Me olhe, me olhe "daquele" jeito.Me desnude de novo e mais uma e mais outra vez...

Escrito em 05/06/2007.

Como se...

Ultimamente, andava desejando nada mais do que estar com alguém. E não entendeu a culpa instalada depois de beijá-lo. Era como se, anos depois da fase dos contos de fada, estivesse novamente aprisionada ao sonho do príncipe encantado.Entorpecida, beijou mais uma vez o sapo. E não encontrou onde a culpa havia se escondido. Era como se, depois de tantos finais infelizes, estivesse programada para ser livre apenas sob o efeito da poção mágica.No encontro definitivo, ao rever o Lord encarnado em corpo de anfíbio teve vontade de virá-lo do avesso. E, para não carregar mais culpa alguma, conteve-se. Era como se, escolhendo não feri-lo, estivesse buscando proteger-se.

Escrito em 15/05/2007.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Rejeições

Por fim, rendeu-se ao prazer não desejado se quer por um instante de lucidez, mas insinuado à noite toda. Ao amanhecer, a música ainda ecoando em seu ouvido, percebeu o odor de cigarro que exalava de seus corpos, enojando o ambiente. Cada flash de lembrança, enfraquecida pelo álcool na véspera, provocava-lhe um embrulho no estômago. Teve náuseas ao recordar a relação que considerava quase pecaminosa. Como de costume, optou pela solução que lhe pareceu mais fácil, fingiu-se de morta. Até que, poucos dias depois, num desejo súbito por outro, soltou a respiração. Foi assim que ganhou a rejeição de quem antes lhe desejara. Ao vê-lo fazer o mesmo, sentiu o desprazer em perder o que não se quiz. Pouco abalada, vestiu seu sorriso plástico e saiu insinuando-se a outro qualquer.

Escrito em 07/05/2007.

Relato

Pequenas “coincidências” me conduziram até você. De repente, eu, descrente em destino, imaginei que “a sorte” estava ao meu favor.
No início, não me dei conta da sua beleza, escondida por trás de uma amiga, mas antes que eu lançasse todo o meu perfume, antes que eu gastasse todo o meu batom, sua voz, seu sorriso e seu olhar, venceram a timidez e me arrebataram.
Então, esperando a purificação, eu me joguei em seu pano de guardar confetes e me entreguei, logo em seguida, sem nenhum temor, ao pecado que brotava de seus lábios.
A magia deveria durar aquela manhã, apenas. Contudo, persistiu depois das 12 badaladas. A tecnologia nos possibilitou “subir a serra” e outra “coincidência” nos levou a brindar nossas vidas juntos.
Tudo estava sendo tão perfeito que tive medo de acreditar. Mesmo assim, confiei em suas promessas de entrega e abri meu coração a você.
A partir daí, passei um mês esperando o outro. Aguardando, fiel e loucamente, a breve oportunidade de te ter grudado em mim. Entre o vai e vem, minhas pequenas neuroses, crises de carência e de ciúmes que você soube conduzir como um gentleman.
Até que, em um dia qualquer, você sinalizou o adeus definitivo. Atônita, eu apenas acenei, aceitando o fim (tardio ou precoce?) do nosso Carnaval. Ainda anestesiada, encarei a triste tarefa de recolher o sentimento desprezado.
Somente depois de muito tempo sem te sentir, experimentei o gosto da rejeição. Foi torturante, porque enquanto esperava o tempo apagar o que restava de você em mim, contraditoriamente, eu ficava fingindo que o tal do destino nos proporcionaria um reencontro feliz.

Escrito em ??/??/2007.

Busca

Com os olhos ainda fechados, tateia a cama a procura de alguém que se quer esteve ali. Tenta voltar à realidade buscando o horário no celular. Já passou da hora de desistir de ser ridiculamente feliz. Mas ainda é muito cedo para se levantar. Revira-se, arruma o edredom e, ao invés do sono, vem a vontade de chorar. Pensamentos sentimental-filosóficos invadem sua mente. Culpa-se. Foi na expectativa do momento ideal que deixou lhe escaparem todos os outros. E esperando palavras medíocres fez enfraquecer a relação que se fortalecia com grandes gestos. Mesmo assim, se pergunta “Por que todo amor tem que acabar?”. O choro engasgado e o tormento da perda lhe rendem a maldita dor de cabeça. Disfarça. Prepara-se para o “grande” dia. Ao final de uma longa viagem, ansia o término de sua penitência. No destino final, após três meses de resguardo, sai a esmo, procurando o sabor daquela boca. Contudo, depois de quatro dias de busca frenética e ensandecida, lhe cai a ficha: jamais reviverá a paixão que perdeu.

Escrito em ??/02/2007.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Jogo do amor

Vida embaralhada
Cartas na mesa
A dama distante do rei
E as bobagens de amor que qualquer um pode dizer:
“Há sentimento entre os dois e há outras paixões também”
E então? Alguém vai tirar um As da manga?
Vale a pena uma última cartada?

Escrito em ??/01/2007.

Encontros, desencontros, reencontros

O arrepio sobe a espinha."Uma nova chance para ouvir o que todo mundo diz e dizer o que todos (dizem que) sentem".Então se percebe que não há mais nada a ser dito... O tempo foi capaz de apagar, também, as palavras.E os outros encontros que acabaram em desencontros (mesmo quando um ou o outro ainda queria mais) provavelmente terão seus reencontros casuais e insosos.

Escrito em 24/01/2007.

Fim

A sinfonia de silêncios covardemente anunciou o adeus. Enquanto de um lado da linha a mudez sinalizava a despedida, do outro, iniciava-se o som inaudível da dor. A boca foi amargando ao sabor de mais uma separação. E, pela primeira vez, depois de tantos distanciamentos, os olhos foram incapazes de chorar. Acostumados a vê-lo se afastando, não se deram conta de que assim, sem ao menos desfrutarem de sua beleza por mais uma vez, seria desunido o que, ao ver deles, permaneceria por muitos Carnavais.

Escrito em 03/01/2007.

domingo, 10 de junho de 2007

Nós entre nós

Palavras não ditas se entrelaçam dando um nó na garganta. Outras palavras vão (uma a uma) se enroscando na barreira.Em meio a esse embaraço as incertezas da nossa relação. Uma trama de sentimentos confusos que tento desfazer com medo de que um fio me escape e você deixe de sentir o-que-quer-que-seja por mim.Não pergunto o que e quanto você sente. Não arrisco descobrir se você espera um futuro de nós dois. A (in)certeza de te ter em parte me impede de tentar te ter por inteiro.

Escrito em 23/10/2006.

Entre sentir e dizer o que se sente

A princípio, lábios que se tocam levemente, mas ao provar o néctar querem mais e disputam um o outro. As línguas intervêm na briga. As salivas, então, misturam-se e a bebida dos deuses ganha sabor de lascívia.As mãos, a princípio, passeiam, mas ao perceber a maciez e o ardor correm. A pele se arrepia. A boca espalha o gosto do desejo pelo corpo.Em um suspiro profundo a vontade de dizer "eu te amo" é contida e substituída por "eu te adoro". Como se adorar representasse menos que amar. Como se amar assustasse. Como se uma paixão arrebatadora que se prolonga por meses não pudesse ser amor.Não podendo dizer o que sente, se contenta por poder, simplesmente, sentí-lo e prossegue.

Escrito em 23/10/2006.

A partida

Eu que sempre me queixei do sofrimento de te ver partir agora me desmancho em lágrimas por te ver me deixar ir sem ao menos me pedir para voltar.Dói demais te observar tão de perto e perceber o quanto eu me tornei invisível para você. Como se um vidro com isufilme nos separasse e apenas eu, vivendo do lado em que ainda existe paixão, pudesse te ver. E eu te vejo, te compreendo e aceito sua escolha mesmo sabendo como será difícil dar as costas para a rotina de saudades e desejos. Ao menos parto com a certeza de que vivi intensamente cada momento: tanto os ao seu lado, quanto os distantes de você.

Escrito em 24/07/2006.

sábado, 9 de junho de 2007

Encontros

Um foi pouco. Impreciso e vago tal qual um sorriso na primavera. Mas como todo “amor à primeira vista” tem de ter traços incisivos, ao mesmo tempo foi muito. Intenso. Com aquele vigor oculto que impeli. Um romance surreal na flagrante realidade. Singular e, no entanto, contínuo na lembrança. Dois foi bom. Suave como os passos de um balé. O rodopiar da bailarina que percorre todo o salão e aos poucos vai conhecendo a textura da sua superfície. O decifrar de pequenos segredos. O revelar de pequenas características. Confidências refrescadas com sorrisos de verão. Três foi bom demais. Belo como um entardecer que avermelha o céu. Gotas de amor esparramadas pela imensidão. Declarações repetidas a miúde. Sorrisos enternecedores dourando o outono. Quatro foi viciante. Sorriso iluminado aquecendo o inverno. O despir das peculiaridades mais agasalhadas. Coincidências das vontades, dos desejos, dos gostos, dos anseios. Encaixe. E de repente, joelhos e mãos apoiados no chão esperando a próxima vez.

Escrito em 14/07/2006.

Idas e vindas

Na chegada, o meu sorriso escancarado, que você docemente corresponde, é a expressão da alegria do reencontro, da satisfação da proximidade e, principalmente, da expectativa de que as cenas de felicidade que permeiam nossos momentos juntos se repitam na nossa relação e nos faça aproximar (mesmo à distância) um do outro, cada vez mais. Porque se é bom viver no seu pensamento, deve ser maravilhoso desfrutar dos seus sentimentos mais nobres. Na despedida, o meu choro calado, que você gentilmente tenta impedir, é a expressão da tristeza do adeus, da dor da saudade (antecipada) e, principalmente, do medo de que a cena de partida, que encerra nossos intensos encontros, se repita na nossa relação e você vá se afastando e eu vá diminuindo até desaparecer da sua memória. Porque se é difícil viver na solidão que você deixa, deve ser impossível viver no seu esquecimento.

Escrito em 12/06/2006.

Anjo-homem... Homem-anjo

Embora eu não acredite na existência de anjos mortais, descobri que existem mortais que parecem anjos.Há poucos meses, cruzei com uma dessas criaturas iluminadas e de repente ele fez minha vida se encher de felicidade.Esse anjo, mesmo a distância, me transfere, em gestos de carinho, um pouco de sua luz azul-celeste.Esse anjo-homem, quando perto, me nina com as mais doces canções.Esse homem-anjo, estando junto, me protege com seus braços e abraços envolventes. Esse homem, perto demais, não me livra do pecado, me faz cair em tentação. E aí, eu posso pegar seus cachos entre meus dedos. E embora não consiga fazer o mesmo com suas asas, eu sei que ele pode voar porque sempre que tenho a satisfação de encontrá-lo, assim, tão perto, ele me leva junto para o céu.

Escrito em 04/05/2006.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Efeito lobo-mau

A capacidade de audição aumenta
As pupilas se dilatam
O olfato fica aguçado
A pele fica mais sensível
As papilas gustativas se multiplicam

para ouvir melhor a sua voz
para enxergar melhor os seus detalhes
para detectar melhor o seu cheiro
para receber melhor o seu toque
para saborear melhor os seus beijos

a espera do som
a espera do olhar
a espera da fragrância
a espera da maciez
a espera do gosto

das palavras sussurradas em canções.
do real e das impressões surreais.
do perfume agradável.
da pele quente e lasciva.
do prazer sem fim.

Escrito em 27/04/2006.

... Estranho...

Estranho como quando está ausente você se faz presente no meu dia, como se você estivesse petrificado em mim, como se eu sofresse de esquizofrenia e pudesse te ver diante dos meus olhos...Estranho como meus olhos se abrem lentamente, como se os seus lábios tivessem acabado de beijar os meus, como se ainda pudesse sentir seu gosto...Estranho como o seu gosto se espalha, como se fosse um veneno de ação rápida, como se fosse um antídoto rosando a pele...Estranho como minha pele se arrepia, como se você estivesse me despindo, como se suas mãos estivessem suavemente tocando o meu corpo...Estranho como meu corpo se aquece, como se você pudesse sentir meu coração acelerado pulsando perto demais do seu, como se estivéssemos nos amando...

Escrito em 19/04/2006 .

Suplício de amor... Nunca mais

Se amanhã, quando você chegar e eu te perguntar como você passou, você me responder "bem", sem se quer mencionar a falta que eu te fiz... Eu vou me queixar de abandono, vou chorar, vou sofrer e vou te esquecer. Porque cada instante que tenho passado aqui, distante de você, é um martírio que só faz sentido se for minimamente compartilhado. Porque saber que a minha ausência não te perturba, provoca mais dores em mim. Porque gostar sozinha é um suplício, que eu não quero mais. Nunca mais!

Escrito em 16/04/2006.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A espera

Tomada pela ansiedade, fico observando o ponteiro girar. A flecha – que agora me parece deixada aqui pelo Cupido para atormentar ainda mais a espera dos apaixonados – se aproxima da hora marcada para o nosso reencontro. Empolgação e medo em um único momento. E os sintomas clássicos da paixão me delatam quando tento disfarçar o que sinto. As batidas do coração soam como uma aula de sapateado e deixam minha face rosada como se o meu corpo estivesse mesmo aquecido pela dança; o riso se espalha de tal forma em meu rosto que mesmo quando meus lábios estão fechados parecem sorrir; o olhar se perde no infinito e o olho brilha a cada lembrança. O novo hábito de falar dele a cada pequena oportunidade – não por falta de assunto, mas por excesso de pensamentos nele - já irrita os amigos, mas isso não me preocupa... Ando tão apaixonada que me sinto planando no ar, como se fosse uma pluma flutuando acima dos tolos que já desistiram de amar.

Escrito em 02/04/2006.

Atração

Olhares que se encontram, sorrisos tímidos e desvios... Repetidos ao infinito. Até que um não resiste, se aproxima e toca. E de um toque vem outro e deste outro vem um carinho e de um carinho vem outro e deste outro um beijo!Ao invés do equilíbrio que esperavam do encontro daqueles lábios, mais instabilidade. Então vão além... Olhares que se encontram, sorrisos faceiros, toques, carinhos e beijos... Repetidos ao infinito. Até que um não resiste e se entrega. E o corpo de um toca o do outro e se unem. Ah! Enfim o equilíbrio!

Escrito em 07/03/2006.

Metamorfose

Uma borboleta que ainda há pouco descobriu que tem asas, voou livre em busca de algo que não encontrou e agora, mesmo aceitando a hipótese de ter procurado nos lugares errados, a majestosa criatura quer voltar para o casulo. Lá, embora estivesse sempre só, ela nunca se sentia sozinha... Era cômodo viver encolhida, de olhos fechados, guiada pelos sussurros envolventes do outro.

Escrito em 13/11/2005.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Desabafo 3

O ano já está chegando ao fim. Na terra das araucárias as temperaturas continuam baixas. Enrolada ao cobertor tento me aquecer. Inútil. O frio que me incomoda é muito mais difícil de isolar. Propagado pelo coração que está chegando ao ponto zero e ameaça parar de bater a qualquer hora. Tantas desilusões que não sei qual o petrifica. Pedra oca. Seu vazio pesa.

Escrito em 11/11/2005.

Desabafo 2

Mais uma vez a rendição e com ela os vidros embaçados, os lençóis umedecidos pelo suor de nossos corpos, o suspiro profundo e a satisfação na duração de um sorriso.Esparramados pelo quarto a dor, o orgulho e o medo... Partes de mim das quais me despi para tê-lo mais uma vez. Tudo tão impróprio. Tudo tão insano. E na manhã seguinte, como de costume, o arrependimento vem me visitar. Será que é dom ou é castigo desejar-te eternamente?Pouco importa. No final, todo dom se torna castigo e aquilo que antes me vitalizava é o que agora me mortifica.

Escrito em 27/10/2005.

Desabafo 1

Sozinha e perdida... A carência é o meu alucinógeno: bagunça as idéias, transtorna, amplia as sensações... E até o sentimento de perda de algo que eu não quero mais ter me machuca. O ciúme é a fresta que se abre na parede que duramente construí para me separar do amor que desisti de amar. E ele se aproveita desse instante de fraqueza e invade mais uma vez a minha vida. E, em troca de um carinho, eu me entrego a ele por inteiro e permito que ele me mergulhe no mar de pétalas de rosa que deixamos esquecidas por ali, já quase secas, tão murchas quanto nosso romance que falece pouco a pouco. O nosso retorno àquele leito traz de volta a luz que faltava para fotossíntese e o vermelho vivo, tão vivo quanto o do nosso sangue que fervilha, volta ao cenário. E já menos sozinha e agora mais perdida, eu desejo que tudo desbote porque eu não quero mais amá-lo; eu não quero mais vivê-lo; eu não quero mais sofrê-lo.

Escrito em 23/10/2005.