terça-feira, 22 de julho de 2008

Fora de moda

Se perto de você o amor não parecesse tão fora de moda... talvez eu tivesse dito minhas besteiras de menina... contado que suas garras de felino estavam marcando meu coração... falado do friozinho antes de te encontrar... ou até mesmo sobre o medo de te perder... Acontece que você sumiu antes d'eu chegar perto o suficiente para saber que aí dentro existia um amador... e que um relacionamento sentimental não era, assim, tão desnecessário...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Quatro estações

Durou um ano, quase isso ou mais que isso. Começou em um inverno com dois seres apaixonadamente desejando-se e no calor dos braços um do outro se aquecendo. Em seguida vieram as promessas de primavera com os dois recobertos pelas mais belas cores de flores e se encharcando com o perfume suave que elas deixavam no ar. Depois chegaram as belezas de verão com a música alegre acentuando a rósea palidez dos dois em rubor e deixando-os em doce lassidão. E quando iniciou o outono, sentindo-se acariciadas nas outras estações, as expectativas dos dois acabaram adormecendo enlanguescidas.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pedreira

(Aos meus amigos)

Fugindo da pedregosa tendência da repetição de amores dolorosos, também me petrifiquei... Por medo de levar mais uma pedrada da vida, transformei-me também em rocha dura e sólida... E não houve nada de mau nisso... Foi uma tentativa de proteção. O erro foi julgar-me pedra não valiosa. Sendo falsa comigo, fingi ser peça insensível aos jogos pouco inteligentes do amor e deixei-me ser usada. Quis ser lápide sepulcral, de natureza fria e muda. Tentei ser pedra lascada agindo grosseiramente com meus próprios sentimentos. Arranquei o corpo do resguardo, apaguei o brilho dos olhos e manchei a coloração especial dos lábios. Por fim, tentando evitar que me ferissem, acabei me auto-mutilando. Quando me dei conta, já estava pulando do penhasco batido pelo mar. Foi sorte encontrar rochas desagregadas em grãos de areia finos e brancos que me amorteceram a queda. No areal, encontrei uma porção de pedras preciosas e amoleci... Senti vontade de enfrentar os pedregulhos da caminhada pela chance de lapidar permanentemente as amizades e os amores incondicionais.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Como tornar únicas as coisas raras

Conhecer alguém em um dia de sol e beijar sob a luz das estrelas é uma dessas coisas que acontecem na vida. São raras, mas não são únicas... O envolvimento com alguém, este sim, é uma dessas coisas que fazemos acontecer. São nossas escolhas que tornam o raro em único...
É como escolher memorizar os pulinhos na areia quando se poderia esquecê-los ou escolher encontrar de novo quando se poderia desaparecer ou ainda escolher acreditar que as personalidades se encaixam quando se poderia não compará-las...
E acreditando que as almas são parecidas é preciso muito pouco para viver o raro fazendo-o único. Mesmo um reencontro em tempo restrito é suficiente para os olhos se encararem, os toques causarem arrepios e as mãos se casarem. Basta manter a direção do olhar, o corpo livre e a mão entregue para fazer do que poderia ser uma relação rara, um relacionamento único...
Desviar os olhos, fechar o peito e soltar as mãos são escolhas dos que têm medo e dos que estão cansados e preferem uma amizade rara à um amor único. É a escolha dos que não arriscam e dos que tiveram um amor amputado e agora estão acomodados com uma prótese feita de amizade. É a escolha dos que esperam as coisas acontecerem na vida e não dos que as fazem acontecer.

sábado, 1 de março de 2008

Desculpe discordar de você...

Eu acredito em amor que somente aclara a visão e esvazia a mente!
Afinal, por que um sentimento tão nobre teria que ser sempre cego e perturbador?
É até menosprezo pensar que sempre escraviza... que é sempre avassalador.
Ele pode ser sereno. Pode chegar de manso e, ainda assim, encher o coração de alegria, talvez até mais. Pode simplesmente tranqüilizar, ao invés de arder.
E viver um amor tranqüilo, meu caro, não é o mesmo que ser frio!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Déjà vu

Você provoca uma sensação perturbadora de déjà vu... Olhar no fundo dos teus olhos pela primeira vez deu a impressão de já ter te visto... E senti que deveria somente te conhecer melhor, como se já te conhecesse... E assim, ficou fácil demais me perder na imensidão do seu olhar e de repente me reencontrar em seus lábios... O que tornou tudo ainda mais estranho... Uma forte lembrança de seu gosto invadiu a memória, como se já o tivesse provado várias vezes... E agora, tenho ciúme de quem ainda não te conhece. Tenho recordações do que ainda não vivemos. E tenho até saudade do que ainda não fomos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Vontades II

E, antes que estivesse certa sobre suas vontades, veio alguém com a onda do mar e as realizou ao som de violino, sob a luz das estrelas. E agora ela sente vontade de olhar, beijar e tê-lo de novo, mas não apenas. Sente também vontade de ouvir, de contar, de jogar conversa para o ar, ao som de música boa, em meio a cálices de vinho. E sente ainda que ele a corresponde e ela até o compreende.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Vontades

Ela sentia vontade de olhar, beijar e tê-lo de novo, mas não apenas. Sentia mais vontade de ouvir, de contar, de jogar conversa para o ar, ao som de música boa, em meio a cálices de vinho. Sentia prazer. E como prazeres são respostas condicionadas a certos estímulos, ela apreciava também o caminho, a forma e a medida dele a incitar e apreciava até o afrodisíaco jeito dele ser, sem perceber o quanto era. Assim, ela sentia mais. Mas, embora ele correspondesse a esses sentimentos estando junto, ela não o compreendia estando separados... E isso se tornou um problema. Até que - perguntando se a vontade que sentia por ele contribuía para uma vida melhor ou se a ajudava a se prender nos laços de uma vida cotidiana que, em última análise, a oprimia e a degradava - teve vontade de esquecê-lo. Por fim sentiu vontade de encontrar uma vontade nova por um novo alguém.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Desacato

Te dói a minha falta de recato?
Gemo mais alto para recompensar a sua dor...
E se você me pede: "Silencie um minuto pelo prazer, por favor", em um indócil desacato eu grito, escandalizo!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

À caminho do amanhã

Por que não agora?
Por que distante?
Por que sempre despedida?
Volto a vagar pela irracionalidade, esperando por uma nova inspiração...
É como se o meu destino fosse sempre o amanhã.