terça-feira, 25 de março de 2008

Pedreira

(Aos meus amigos)

Fugindo da pedregosa tendência da repetição de amores dolorosos, também me petrifiquei... Por medo de levar mais uma pedrada da vida, transformei-me também em rocha dura e sólida... E não houve nada de mau nisso... Foi uma tentativa de proteção. O erro foi julgar-me pedra não valiosa. Sendo falsa comigo, fingi ser peça insensível aos jogos pouco inteligentes do amor e deixei-me ser usada. Quis ser lápide sepulcral, de natureza fria e muda. Tentei ser pedra lascada agindo grosseiramente com meus próprios sentimentos. Arranquei o corpo do resguardo, apaguei o brilho dos olhos e manchei a coloração especial dos lábios. Por fim, tentando evitar que me ferissem, acabei me auto-mutilando. Quando me dei conta, já estava pulando do penhasco batido pelo mar. Foi sorte encontrar rochas desagregadas em grãos de areia finos e brancos que me amorteceram a queda. No areal, encontrei uma porção de pedras preciosas e amoleci... Senti vontade de enfrentar os pedregulhos da caminhada pela chance de lapidar permanentemente as amizades e os amores incondicionais.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Como tornar únicas as coisas raras

Conhecer alguém em um dia de sol e beijar sob a luz das estrelas é uma dessas coisas que acontecem na vida. São raras, mas não são únicas... O envolvimento com alguém, este sim, é uma dessas coisas que fazemos acontecer. São nossas escolhas que tornam o raro em único...
É como escolher memorizar os pulinhos na areia quando se poderia esquecê-los ou escolher encontrar de novo quando se poderia desaparecer ou ainda escolher acreditar que as personalidades se encaixam quando se poderia não compará-las...
E acreditando que as almas são parecidas é preciso muito pouco para viver o raro fazendo-o único. Mesmo um reencontro em tempo restrito é suficiente para os olhos se encararem, os toques causarem arrepios e as mãos se casarem. Basta manter a direção do olhar, o corpo livre e a mão entregue para fazer do que poderia ser uma relação rara, um relacionamento único...
Desviar os olhos, fechar o peito e soltar as mãos são escolhas dos que têm medo e dos que estão cansados e preferem uma amizade rara à um amor único. É a escolha dos que não arriscam e dos que tiveram um amor amputado e agora estão acomodados com uma prótese feita de amizade. É a escolha dos que esperam as coisas acontecerem na vida e não dos que as fazem acontecer.

sábado, 1 de março de 2008

Desculpe discordar de você...

Eu acredito em amor que somente aclara a visão e esvazia a mente!
Afinal, por que um sentimento tão nobre teria que ser sempre cego e perturbador?
É até menosprezo pensar que sempre escraviza... que é sempre avassalador.
Ele pode ser sereno. Pode chegar de manso e, ainda assim, encher o coração de alegria, talvez até mais. Pode simplesmente tranqüilizar, ao invés de arder.
E viver um amor tranqüilo, meu caro, não é o mesmo que ser frio!