É estranho. Sinto vontade de dizer que o amo. Primeira vez que amo alguém conhecido por mim e parecido comigo. Porque é tão familiar, é que causa estranhamento. Só não disse ainda, porque não quero banalizar entre nós essa frase já tão comum entre os outros. Mas é esse o sentimento. Não sei até onde é um amor de amigo ou desde quando é também um amor romântico. Se fosse somente amizade, já teria dito sem pudor, "eu te amo". Não é mais. Eu que sempre amei estranhos a mim e achei normal, amo alguém comum como eu e acho estranho. É um amor ordinário. Estranhamente, é amor. E é bom.
quinta-feira, 31 de julho de 2025
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Achados e perdidos
Sentia-se na seção de achados e perdidos...
Não sabia em que mundo se acharia...
Não sabia de que mundo se perdera...
Sem quê nem porquê, jogou-se aos lábios do outro.
Achou-se no mundo dele.
Perdeu-se de vez de seu próprio mundo...
Não sabia em que mundo se acharia...
Não sabia de que mundo se perdera...
Sem quê nem porquê, jogou-se aos lábios do outro.
Achou-se no mundo dele.
Perdeu-se de vez de seu próprio mundo...
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Igual na diferença
Outro dia ela quis ser igual a todo mundo. Gritou para a razão: “chega de morrer por paixões! Quero viver por um amor!”. Ou será que foi o contrário? Gritou para o coração: “chega de viver por paixões! Quero morrer por um amor!”? Sei que somente mais tarde e, quase sem querer, fez a descoberta: metaforzeando-se a todo instante, encontrava a cada respiração um novo jeito de se apaixonar por aquele mesmo (mas que também estava em constante mudança). Assim construiu um amor igual ao de todo mundo com o privilégio de poder ser sempre diferente.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Fora de moda
Se perto de você o amor não parecesse tão fora de moda... talvez eu tivesse dito minhas besteiras de menina... contado que suas garras de felino estavam marcando meu coração... falado do friozinho antes de te encontrar... ou até mesmo sobre o medo de te perder... Acontece que você sumiu antes d'eu chegar perto o suficiente para saber que aí dentro existia um amador... e que um relacionamento sentimental não era, assim, tão desnecessário...
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Quatro estações
Durou um ano, quase isso ou mais que isso. Começou em um inverno com dois seres apaixonadamente desejando-se e no calor dos braços um do outro se aquecendo. Em seguida vieram as promessas de primavera com os dois recobertos pelas mais belas cores de flores e se encharcando com o perfume suave que elas deixavam no ar. Depois chegaram as belezas de verão com a música alegre acentuando a rósea palidez dos dois em rubor e deixando-os em doce lassidão. E quando iniciou o outono, sentindo-se acariciadas nas outras estações, as expectativas dos dois acabaram adormecendo enlanguescidas.
terça-feira, 25 de março de 2008
Pedreira
(Aos meus amigos)
Fugindo da pedregosa tendência da repetição de amores dolorosos, também me petrifiquei... Por medo de levar mais uma pedrada da vida, transformei-me também em rocha dura e sólida... E não houve nada de mau nisso... Foi uma tentativa de proteção. O erro foi julgar-me pedra não valiosa. Sendo falsa comigo, fingi ser peça insensível aos jogos pouco inteligentes do amor e deixei-me ser usada. Quis ser lápide sepulcral, de natureza fria e muda. Tentei ser pedra lascada agindo grosseiramente com meus próprios sentimentos. Arranquei o corpo do resguardo, apaguei o brilho dos olhos e manchei a coloração especial dos lábios. Por fim, tentando evitar que me ferissem, acabei me auto-mutilando. Quando me dei conta, já estava pulando do penhasco batido pelo mar. Foi sorte encontrar rochas desagregadas em grãos de areia finos e brancos que me amorteceram a queda. No areal, encontrei uma porção de pedras preciosas e amoleci... Senti vontade de enfrentar os pedregulhos da caminhada pela chance de lapidar permanentemente as amizades e os amores incondicionais.
Fugindo da pedregosa tendência da repetição de amores dolorosos, também me petrifiquei... Por medo de levar mais uma pedrada da vida, transformei-me também em rocha dura e sólida... E não houve nada de mau nisso... Foi uma tentativa de proteção. O erro foi julgar-me pedra não valiosa. Sendo falsa comigo, fingi ser peça insensível aos jogos pouco inteligentes do amor e deixei-me ser usada. Quis ser lápide sepulcral, de natureza fria e muda. Tentei ser pedra lascada agindo grosseiramente com meus próprios sentimentos. Arranquei o corpo do resguardo, apaguei o brilho dos olhos e manchei a coloração especial dos lábios. Por fim, tentando evitar que me ferissem, acabei me auto-mutilando. Quando me dei conta, já estava pulando do penhasco batido pelo mar. Foi sorte encontrar rochas desagregadas em grãos de areia finos e brancos que me amorteceram a queda. No areal, encontrei uma porção de pedras preciosas e amoleci... Senti vontade de enfrentar os pedregulhos da caminhada pela chance de lapidar permanentemente as amizades e os amores incondicionais.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Como tornar únicas as coisas raras
Conhecer alguém em um dia de sol e beijar sob a luz das estrelas é uma dessas coisas que acontecem na vida. São raras, mas não são únicas... O envolvimento com alguém, este sim, é uma dessas coisas que fazemos acontecer. São nossas escolhas que tornam o raro em único...
É como escolher memorizar os pulinhos na areia quando se poderia esquecê-los ou escolher encontrar de novo quando se poderia desaparecer ou ainda escolher acreditar que as personalidades se encaixam quando se poderia não compará-las...
E acreditando que as almas são parecidas é preciso muito pouco para viver o raro fazendo-o único. Mesmo um reencontro em tempo restrito é suficiente para os olhos se encararem, os toques causarem arrepios e as mãos se casarem. Basta manter a direção do olhar, o corpo livre e a mão entregue para fazer do que poderia ser uma relação rara, um relacionamento único...
Desviar os olhos, fechar o peito e soltar as mãos são escolhas dos que têm medo e dos que estão cansados e preferem uma amizade rara à um amor único. É a escolha dos que não arriscam e dos que tiveram um amor amputado e agora estão acomodados com uma prótese feita de amizade. É a escolha dos que esperam as coisas acontecerem na vida e não dos que as fazem acontecer.
É como escolher memorizar os pulinhos na areia quando se poderia esquecê-los ou escolher encontrar de novo quando se poderia desaparecer ou ainda escolher acreditar que as personalidades se encaixam quando se poderia não compará-las...
E acreditando que as almas são parecidas é preciso muito pouco para viver o raro fazendo-o único. Mesmo um reencontro em tempo restrito é suficiente para os olhos se encararem, os toques causarem arrepios e as mãos se casarem. Basta manter a direção do olhar, o corpo livre e a mão entregue para fazer do que poderia ser uma relação rara, um relacionamento único...
Desviar os olhos, fechar o peito e soltar as mãos são escolhas dos que têm medo e dos que estão cansados e preferem uma amizade rara à um amor único. É a escolha dos que não arriscam e dos que tiveram um amor amputado e agora estão acomodados com uma prótese feita de amizade. É a escolha dos que esperam as coisas acontecerem na vida e não dos que as fazem acontecer.
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