quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Cena 2

Era manhã. Ela se despiu o observando. Em silêncio, tirou primeiro a blusa e depois a calça. Manteve a lingerie preta e se deitou atravessada na cama, com o bumbum para cima.

Quando ele terminou de se vestir do outro lado do quarto e de se arrumar de frente para o espelho, já pronto para o café da manhã, virou-se e deu com a cena:
Ela de bruços na cama, oferecendo-se em meio à paisagem do canion, entre as cobertas e as nuvens do amanhecer.
Ele se aproximou das montanhas, afastou os cabelos dela, roçou a barba na nuca dela e, com uma voz de sorriso, lhe perguntou ao pé do ouvido: "o que é isso?" Ela respondeu, enquanto ele lhe beijava a orelha: "é para você não resistir."
E o diálogo seguiu entre toques e carícias dos dois:
_ Não resistir a quê?
_ Não resistir a mim.
_ É possível isso? Você é uma tentação!
E se amaram. Os dois apreciando a vista.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Cena 1

Era como se estivessem em um filme. A lua no céu, não estava cheia, mas brilhava perfeita, iluminando a varanda.

Os dois sozinhos em um chalé, com vista para o canion. Cercados pelo escuro da noite com seus sons da natureza.

Ele acendeu a lareira com facilidade. Abriu o vinho com destreza e o serviu na taça para ela. Tal como na cena de um romance.

Então, acomodou-se na chase com as pernas entreabertas. E ela se encaixou bem ali, no meio dele, e se recostou nele, de onde dava para sentir o pulsar do seu coração.

Os dois levemente inebriados pelo álcool e fixamente atraídos pelo espetáculo do fogo com seus artifícios naturais.

A madeira ia ardendo e estalando, e as chamas dançando e faiscando, inspirando os corpos dos dois.

sábado, 30 de agosto de 2025

Às vezes.

Às vezes eu quero fugir de você.
Às vezes eu quero fugir para você.
Às vezes eu quero fugir com você.

Às vezes eu só quero ficar com você.
Às vezes eu quero só ficar com você.
Às vezes eu quero ficar só com você.
Às vezes eu quero ficar a sós com você.

Às vezes eu quero viver.
Às vezes eu quero viver sem você.
Às vezes eu quero viver com você.
Às vezes eu quero você.

Às vezes eu quero envelhecer com você.

Às vezes eu.
Às vezes você.

Às vezes nós.

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Ordinário.

É estranho. Sinto vontade de dizer que o amo. Primeira vez que amo alguém conhecido por mim e parecido comigo. Porque é tão familiar, é que causa estranhamento. Só não disse ainda, porque não quero banalizar entre nós essa frase já tão comum entre os outros. Mas é esse o sentimento. Não sei até onde é um amor de amigo ou desde quando é também um amor romântico. Se fosse somente amizade, já teria dito sem pudor, "eu te amo". Não é mais. Eu que sempre amei estranhos a mim e achei normal, amo alguém comum como eu e acho estranho. É um amor ordinário. Estranhamente, é amor. E é bom.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Achados e perdidos

Sentia-se na seção de achados e perdidos...
Não sabia em que mundo se acharia...
Não sabia de que mundo se perdera...
Sem quê nem porquê, jogou-se aos lábios do outro.
Achou-se no mundo dele.
Perdeu-se de vez de seu próprio mundo...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Igual na diferença

Outro dia ela quis ser igual a todo mundo. Gritou para a razão: “chega de morrer por paixões! Quero viver por um amor!”. Ou será que foi o contrário? Gritou para o coração: “chega de viver por paixões! Quero morrer por um amor!”? Sei que somente mais tarde e, quase sem querer, fez a descoberta: metaforzeando-se a todo instante, encontrava a cada respiração um novo jeito de se apaixonar por aquele mesmo (mas que também estava em constante mudança). Assim construiu um amor igual ao de todo mundo com o privilégio de poder ser sempre diferente.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fora de moda

Se perto de você o amor não parecesse tão fora de moda... talvez eu tivesse dito minhas besteiras de menina... contado que suas garras de felino estavam marcando meu coração... falado do friozinho antes de te encontrar... ou até mesmo sobre o medo de te perder... Acontece que você sumiu antes d'eu chegar perto o suficiente para saber que aí dentro existia um amador... e que um relacionamento sentimental não era, assim, tão desnecessário...